Por Redação | SINTEPLRV-MT
Publicada em 21 de outubro de 2025
O retrato de um cenário alarmante
A agressão sofrida recentemente por um professor no Distrito Federal reacendeu um alerta que há muito tempo ecoa nas escolas públicas de Mato Grosso: os profissionais da educação estão vulneráveis, desprotegidos e expostos à violência dentro do próprio local de trabalho.
Enquanto o governo anuncia câmeras e sistemas de vigilância como solução, a realidade nas escolas estaduais mostra o contrário: a ausência de porteiros, vigilantes e servidores de apoio nos pátios torna as unidades alvos fáceis de invasões, agressões e ameaças.
Em muitas escolas, qualquer pessoa entra e sai sem identificação, sem controle e sem a mínima estrutura de segurança — um retrato do descaso público com quem mantém o ensino funcionando.
Professores em risco
Os casos de violência física e verbal contra professores têm aumentado. Educadores relatam episódios de intimidação, insultos e até ameaças de pais e alunos. No entanto, raramente há medidas concretas de proteção.
“A sensação é de abandono. Estamos na linha de frente, lidando com problemas sociais, emocionais e de disciplina, mas o Estado não nos dá suporte. Quando algo grave acontece, dizem que vão colocar câmeras — mas câmeras não impedem a agressão”, afirma uma professora da rede estadual de Lucas do Rio Verde.
A ausência de equipes de apoio — como seguranças, inspetores e assistentes de disciplina — faz com que os docentes tenham de lidar sozinhos com situações de conflito, transformando o espaço que deveria ser de aprendizado em um ambiente de medo e tensão.
O descaso do poder público
Apesar das constantes denúncias, o governo de Mato Grosso tem tratado a questão da segurança escolar com superficialidade. Em diversas unidades, o monitoramento eletrônico funciona apenas parcialmente e sem profissionais treinados para reagir em caso de emergência.
O SINTEP-MT (Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso) tem cobrado há anos uma política efetiva de proteção à comunidade escolar — com presença física de porteiros, ronda escolar e programas de mediação de conflitos.
“A segurança nas escolas não pode se resumir a câmeras e discursos. Precisamos de pessoas, estrutura e respeito. O que se vê é um Estado ausente, que não garante nem o básico para proteger quem ensina”, destaca o sindicato em nota pública.
Quando a escola deixa de ser refúgio
A escola, que deveria representar o espaço mais seguro e acolhedor para crianças, adolescentes e trabalhadores, está se transformando em local de vulnerabilidade.
A falta de investimento em infraestrutura, o sucateamento dos cargos de apoio e a sobrecarga dos educadores são sintomas de um modelo de gestão que prioriza números e ignora pessoas.
Sem um plano estadual de segurança escolar real e permanente, as ocorrências tendem a se repetir — e, a cada nova agressão, o sentimento de impunidade se fortalece.
O que o SINTEP defende
O sindicato reforça a necessidade de ações imediatas:
- Reposição urgente de porteiros, seguranças e inspetores nas escolas;
- Criação de protocolos de segurança e acolhimento em situações de violência;
- Apoio psicológico e jurídico aos profissionais agredidos;
- Revisão da infraestrutura e dos contratos de vigilância;
- Campanhas de valorização e respeito ao magistério.
Em defesa da vida e do respeito
Casos como o do Distrito Federal não podem ser vistos como fatos isolados. São o reflexo de uma política de abandono e negligência que também afeta Mato Grosso.
Enquanto o Estado continuar tratando a segurança escolar como gasto e não como investimento, professores continuarão ensinando com medo — e a sociedade continuará perdendo.
“Quem educa merece proteção, quem ensina merece respeito. A escola deve ser um espaço de paz, e o governo precisa agir com urgência para que isso volte a ser realidade.”



