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Lucas do Rio Verde está em festa. Mas temos mesmo o que comemorar?

Picture of Sintep de Lucas do Rio Verde

Sintep de Lucas do Rio Verde

Enquanto as ruas se enchem de bandeirinhas, shows e fogos para celebrar mais um aniversário de Lucas do Rio Verde, é inevitável perguntar: temos mesmo motivos para comemorar? É claro que reconhecemos o crescimento urbano, a pujança agrícola e os investimentos que colocaram a cidade como referência no Estado. Mas quando olhamos para áreas essenciais como saúde, educação e segurança, a realidade de quem vive e trabalha aqui escancara contradições profundas.

Na educação, por exemplo, há uma maquiagem constante de números e resultados. Relatórios vistosos circulam para demonstrar eficiência, mas dentro das salas de aula o que se vê são professores adoecidos, sobrecarga de trabalho, salários que não acompanham o custo de vida da cidade e pressões que empurram profissionais para os ansiolíticos e antidepressivos. Muitos resistem enquanto podem, até que não conseguem mais.

O mais preocupante, porém, é a forma como gestores da educação — que um dia foram professores — parecem ter feito de tudo para se afastar da sala de aula e jamais retornar. A impressão que fica é de que, para alguns, o magistério é apenas um degrau para cargos de prestígio, e não uma missão de transformação. O velho ditado “se fui professor, não me lembro” resume bem o comportamento de alguns desses nomes que hoje ocupam cargos de poder, mas parecem ter esquecido a essência da docência.

Pior ainda é ver os privilégios para uns e as perseguições para outros, especialmente quando o profissional resolve se posicionar, questionar ou, ainda mais grave aos olhos do sistema, defender o sindicato. Há tentativas claras de descredibilizar o trabalho sindical, de dividir a categoria, de enfraquecer a mobilização — porque, como bem sabem, uma categoria unida é muito mais difícil de dobrar.

Lucas do Rio Verde diz querer atrair cada vez mais profissionais qualificados, mas muitos chegam, se frustram e logo vão embora, percebendo que aquilo que parecia oportunidade não passava de ilusão bem montada.

Essa é uma reflexão que precisa ecoar. Que sirva de alerta aos colegas professores: não se deixem iludir pelas palavras bonitas de quem ocupa o poder. Há discursos sedutores que mais parecem contos de serpente — encantam, mas visam apenas aos próprios interesses.

Neste aniversário da cidade, nossa maior comemoração deve ser a luta por respeito, valorização e dignidade. Que não nos calem. Que não nos dividam. Que sejamos firmes, pois só assim o trabalho de cada educador encontrará o verdadeiro reconhecimento que merece.

Por um professor em luta